Este jornal relata que ficar acordado até tarde navegando no celular com a luz da mesa acesa, deixar as luzes noturnas do quarto acesas a noite toda e a poluição luminosa urbana que penetra pelas cortinas... essas cenas comuns da vida moderna podem estar silenciosamente prejudicando sua saúde cardiovascular. Recentemente, a Universidade Flinders, na Austrália, divulgou o maior estudo já realizado sobre exposição à luz e saúde cardiovascular. Ao analisar mais de 13 milhões de horas de dados de monitoramento de luz de 88.905 pessoas com 40 anos ou mais, o estudo confirmou que a forte exposição à luz noturna aumenta significativamente o risco de insuficiência cardíaca e ataques cardíacos, enquanto a luz solar suficiente pode ter um efeito protetor sobre o sistema cardiovascular. A equipe de pesquisa usou o lux como padrão para medir a intensidade da luz, definindo claramente os limites de luz para diferentes ambientes: a intensidade da luz de um céu noturno escuro é inferior a 0,01 lux, enquanto um ambiente interno bem iluminado ultrapassa 100 lux. A análise dos dados mostrou que, em comparação com aqueles com menor exposição à luz noturna, os participantes expostos à maior intensidade de luz noturna (mediana acima de 105,3 lux, entre os percentis 91 e 100) apresentaram um risco 56% maior de insuficiência cardíaca e um risco 47% maior de ataque cardíaco. Notavelmente, essa ameaça à saúde foi mais pronunciada em pessoas mais jovens e mulheres, sugerindo que esses grupos podem ser mais sensíveis às perturbações do ritmo circadiano. O principal dano da exposição à luz noturna reside na perturbação do ritmo natural do sono, explicou o pesquisador principal do estudo. O núcleo supraquiasmático do hipotálamo, o centro do relógio biológico do corpo, regula a secreção de melatonina por meio da percepção das mudanças de luz pela retina. A luz noturna intensa inibe a produção de melatonina, levando à dificuldade em manter o sono e a um sono fragmentado. Essa perturbação do ritmo, por si só, é um fator de risco independente para doenças cardiovasculares. Estudos anteriores demonstraram que ritmos de sono anormais ativam o sistema nervoso simpático, levando ao aumento da frequência cardíaca e à vasoconstrição, o que pode induzir flutuações na pressão arterial e aumento da carga miocárdica a longo prazo. O estudo também revelou uma série de resultados positivos: a exposição adequada à luz solar pode proteger a saúde cardiovascular. Sem ajustes em fatores de estilo de vida, como dieta e exercícios, a exposição regular à luz solar pode reduzir o risco de doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral em 13% a 28%. Essa descoberta confirma ainda mais a importância do ritmo circadiano natural – ativo ao nascer do sol e descansado ao pôr do sol – para a saúde. Com base nos resultados da pesquisa, a equipe de pesquisadores ofereceu diversas recomendações práticas: o público deve tentar evitar a exposição à luz forte durante o sono noturno e a intensidade da iluminação do quarto deve ser mantida em um nível baixo.Priorizar fontes de luz pouco irritantes, como a luz âmbar; reduzir o uso de dispositivos eletrônicos de 1 a 2 horas antes de dormir para evitar que a luz azul iniba a secreção de melatonina; e aumentar adequadamente a exposição à luz solar externa durante o dia, especialmente durante os intervalos de trabalho. Além disso, os pesquisadores solicitaram que os departamentos relevantes realizem mais pesquisas especializadas e desenvolvam diretrizes de uso saudável para iluminação residencial, hospitalar e pública urbana, a fim de reduzir as potenciais ameaças da poluição luminosa à saúde cardiovascular sob uma perspectiva ambiental. "Este estudo oferece uma perspectiva completamente nova sobre a prevenção de doenças cardiovasculares", comentou um especialista da área. O especialista destacou que a redução da exposição à luz noturna, como uma intervenção de baixo custo e fácil implementação, tem o potencial de se tornar um importante complemento às medidas preventivas tradicionais. Pesquisas futuras devem incorporar mais dados clínicos para otimizar os padrões de saúde relacionados à exposição à luz, ajudando a população a equilibrar conveniência e saúde na vida moderna.
